P/ Michelle Cirne
Ela trazia nos olhos o espanto frente ao mundo. Seu jeito calado de ser preservava seu mistério e continha o enorme desejo de aprender e ler as coisas que a vida oferecia. Um ser terrestre que inventava asas e se entregava ao novo.
Vestia-se de acordo às regiões e beleza não lhe faltava, estilo reinventava, nenhuma roupa lhe era mais forte. Luz dos seus olhos nos olhos de quem os fitava. Caramelo em verde esperança. Meia dança da espera e inteira serenata da concretização. Uma menina que lia a serviço da antropologia, mas o seu forte era o multidisciplinar, era a literatura. Sua música singrava a grandeza do seu país. E ela, cosmopolita do amor. Cidadã do Planeta Amor. Mulher quase descortinada se observada com afinco, com paixão. O seu abrupto era o seu delicado e a loucura batia sempre à sua porta.
Intrépida, percorria por dentro e por fora as possibilidades dos seus mundos. Não tinha tempo. Tinha o tempo da eternidade. Aprendeu a ser pela fé. E até rezava.
Mulher pisando a Terra. Mulher cultivando terras. Do modo mais simples, cintilava o criativo humano. Atraía homens pelo en-canto e era selvagem como os tigres. A mais linda das sereias. Aquela canção dos Beatles. Ritual profundo das percussões da Bahia. Poema angustiado à maneira de Ana Cristina Cesar. Fruto linguístico de Caio Fernando Abreu. Senhorita do Menino Deus. Inscrição ao cotidiano de qualquer lugar.
Mulher, senhora do mundo. Maestra, aprendiz das explicações. Poeta, escritora curadora das entrelinhas.
Um ser lotado de silêncio. Síntese lança do melhor que se alvejava. Humana demasiada humana. Nas linhas rascantes de Nietzsche.
Pássara das manhãs amarelas.
Voz doce nas tardinhas azuis.
O centro do mundo: em seu coração transcorria a paisagem absoluta do Porto da Barra, onde ela, só de brincadeira, insistia em se nos fazer felicidade.
Um comentário:
eu adoro chorar quando me encontro dentro do teu mundopoesia. é a água que vem, água que banha nosso mundoamor. e sempre será assim.
eu giro o mundo para estar presente na noite de autógrafos do teu primeiro livro, aquele que vamos cheirar com alegria pura!
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