quarta-feira, 31 de março de 2010

O Tigre


Tigre, tigre que flamejas

Nas florestas da noite.

Que mão que olho imortal

Se atreveu a plasmar tua terrível simetria ?


Em que longínquo abismo, em que remotos céus

Ardeu o fogo de teus olhos ?

Sobre que asas se atreveu a ascender ?

Que mão teve a ousadia de capturá-lo ?

Que espada, que astúcia foi capaz de urdir

As fibras do teu coração ?


E quando teu coração começou a bater,

Que mão, que espantosos pés

Puderam arrancar-te da profunda caverna,

Para trazer-te aqui ?

Que martelo te forjou ?

Que cadeia ?

Que bigorna te bateu ?

Que poderosa mordaça

Pôde conter teus pavorosos terrores ?


Quando os astros lançaram os seus dardos,

E regaram de lágrimas os céus,

Sorriu Ele ao ver sua criação ?

Quem deu vida ao cordeiro também te criou ?


Tigre, tigre, que flamejas

Nas florestas da noite.

Que mão, que olho imortal

Se atreveu a plasmar tua terrível simetria ?

William Blake

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