quinta-feira, 11 de março de 2010

Márcia Short: voz que a Bahia precisa

Saulo e Márcia Short
O ano 2010 marcou os vinte e cinco anos da axé music e neste carnaval, várias vozes autorizadas pela história do “movimento” cantaram e foram homenageadas. Mais do que justo trazer Moraes Moreira, dispor de um trio para o sistematizador Luiz Caldas, eleger Pepeu Gomes Rei Momo, criar a exitosa Varanda do Glauber, com Sandra Simões, Claudia Cunha e Manuela Rodrigues dando outros formatos ao nosso carnaval. Este ano foi muito bom estar aqui.
Quando entendemos que uma festa como esta, para quem mora na Bahia e também deve ser respeitado como cidadão e consumidor, todas as políticas culturais estatais devem apontar para a diversidade preservando, pesquisando e dando espaço para quem tornou o nosso carnaval a festa mais efervescente do planeta: o povo desta terra.
Os maiores atrativos do carnaval baiano, amparados em fortes esquemas comercias e econômicos, já têm os melhores espaços e ninguém se mete com Ivete, com o Chiclete, com o Asa, com Claudia Leitte, com Jammil e outros genéricos. Vários mineiros, gaúchos, paulistanos, sergipanos virão sempre atrás destas importantes estrelas carnavalescas.
O talento musical de nós baianos também pode ser mais bem representado. Às vezes, a dinâmica do tempo empurra para o passado nomes que seguravam e se destacavam na maior vitrine musical da Bahia, o carnaval. Muitos ficam por lá sem possibilidades de serem resgatados. Contudo, existem os que acompanharam o passar dos anos e, mesmo em sufocamentos e ostracismos midiáticos, continuam impondo-se contra uma exigência do novo que, aqui entre nós, não tem sentido quando assistimos enlouquecidos o trajeto sonoro do Chiclete, do Asa e Jammil; nem Ivete traz tanta novidade assim; Claudia Leitte é uma versão “modelo-manequim” da saudosa Márcia Freire, só que canta bem menos que a eterna musa do Cheiro de Amor.
Quem está aí, sendo a voz mais afinada, mais representativa, mais melódica, mais experiente é a cantora Márcia Short – bem mais ampla que a nunca lembrança que se querem dela: ela entoando “vou dar volta no mundo, vou ver o mundo girar”.
Ela que cantou ao lado de Daniela Mercury, qualidade absoluta do nosso carnaval, de Tatau, outro poema perdido, e da grande Margareth Menezes, que quase ficou sem espaço. O momento mais lindo do nosso carnaval.
Editores culturais da Bahia agendem o nome Márcia Short, nosso estado precisa do canto dela.

Um comentário:

Hugo Gonçalves disse...

Marlon,

Gostei muito deste seu artigo sobre o Carnaval.

Valeu!