Maria
Marlon Marcos
Especial de Salvador (BA)
Para o Terra Magazine
Nos dias 4 e 5 em Salvador e no dia 6 de fevereiro em Santo Amaro da Purificação (BA), vai se realizar o Congresso Brasileiro sobre o Canto e a Arte de Maria Bethânia em 45 anos de Palco, evento dedicado a analisar sua trajetória artística numa perspectiva científico-acadêmica, envolvendo estudos multidisciplinares que abrigam a antropologia, a história, a sociologia, teorias comunicacionais, análise do discurso, letras, literatura, poesia, cultura popular, artes visuais, cordel e música.
Pela primeira vez a obra de uma intérprete da Música Popular Brasileira é discutida sócio-antropologicamente através de leituras científicas e artísticas para revelar o seu conteúdo de relevância sócio-cultural que exprime identidades e identificações no nosso país.
O congresso, de projeção nacional, contará com nomes como o da professora mineira Lúcia Castello Branco, do sociólogo Milton Moura, da editora Leila Name, do maestro Jaime Alem, do poeta e compositor José Carlos Capinan, do compositor Roque Ferreira, do músico Roberto Mendes, de Gerônimo, da dramaturga Aninha Franco, do sociólogo e cantor Carlos Barros, da poeta e irmã da cantora, Mabel Velloso, do compositor Jota Velloso e da professora fluminense Vânia Aparecida, entre outros. Os nomes representam a diversidade a que o evento se propõe e todos partem do princípio de que um trabalho com a qualidade como o de Maria Bethânia, serve como instrumento de investigação social, no caso dela, etno-histórica, para compreender as perfilações culturais que traduzem o povo brasileiro.
As marcas estéticas e os caminhos artísticos trilhados por Maria Bethânia a colocam num lugar de destaque no nosso cancioneiro no que se refere a elementos da cultura afro-brasileira, à difusão da poesia de grandes literatos portugueses e brasileiros, à intertextualidade entre canção e teatro, a recursos cênicos que tratam da paisagem nativa nacional, evocações do nosso ruralismo, utilização da literatura entremeando nossas identificações regionais; a cantora é incansável em sua busca por traduzir com seu canto parte desta complexidade chamada identidade cultural brasileira.
Em sua construção sócio-existencial, de mulher baiana, mulata (ou mais amplamente negra), próxima de duas matrizes religiosas, o candomblé e o catolicismo, conhecedora dos traços da criação popular em sua cidade natal, Santo Amaro da Purificação, Maria Bethânia é a porta-voz artística das coisas grandes que a cultura popular produziu entre nós; ela leva para o palco fragmentos narrativos de mitos afro-brasileiros, sua voz quando canta, muitas vezes, conta a história de como foi desenhada a Bahia litorânea, do Recôncavo, entre a abundância de água e a força seca do sertão dali tão próximo. Ela é a caipira que se sofisticou e não quis deixar de ser caipira. Como Clarice Lispector que é a própria Macabéa, Maria Bethânia é um griô afro-baiano universalizando, de modo respeitoso e fragmentado, mitos e ritos que compõem o imaginário sagrado do povo-de-santo, o povo do candomblé, do estado em que ela nasceu. E é inquestionavelmente brasileira, representando a força musical deste país no mundo. Por está tão ligada a aspectos identificatórios do que percebemos como Brasil, talvez Bethânia seja a cantora mais universal que temos viva e, sem dúvidas, sua ativa presença no cenário da canção há quarenta e cinco anos, escolhendo cantar o tipo de Brasil que escolheu como seu, como podemos verificar no clássico Brasileirinho (2003), lhe confere o título de Doutora Honoris Causa em antropologia. A Universidade Federal da Bahia deve isso a ela.
Portanto, o Congresso Brasileiro sobre o Canto e a Arte de Maria Bethânia traz para o centro das discussões acadêmicas uma intérprete que se imprime como uma autora, que usa sua inteligência, sua voz e seu talento artístico para pensar e dignificar o povo de seu país. Celebra também os 45 anos de carreira da artista, que serão completados em 13 de fevereiro de 2010 (data oficial da estreia de Maria Bethânia no antológico Opinião, no Rio de Janeiro). É uma realização da Associação Cultural Rosa dos Ventos - Bahia, que tem como membros organizadores Neide de Jesus (idealizadora do Congresso), Joaquim Amaral, o autor deste artigo e Andréia Vieira.
Pela primeira vez a obra de uma intérprete da Música Popular Brasileira é discutida sócio-antropologicamente através de leituras científicas e artísticas para revelar o seu conteúdo de relevância sócio-cultural que exprime identidades e identificações no nosso país.
O congresso, de projeção nacional, contará com nomes como o da professora mineira Lúcia Castello Branco, do sociólogo Milton Moura, da editora Leila Name, do maestro Jaime Alem, do poeta e compositor José Carlos Capinan, do compositor Roque Ferreira, do músico Roberto Mendes, de Gerônimo, da dramaturga Aninha Franco, do sociólogo e cantor Carlos Barros, da poeta e irmã da cantora, Mabel Velloso, do compositor Jota Velloso e da professora fluminense Vânia Aparecida, entre outros. Os nomes representam a diversidade a que o evento se propõe e todos partem do princípio de que um trabalho com a qualidade como o de Maria Bethânia, serve como instrumento de investigação social, no caso dela, etno-histórica, para compreender as perfilações culturais que traduzem o povo brasileiro.
As marcas estéticas e os caminhos artísticos trilhados por Maria Bethânia a colocam num lugar de destaque no nosso cancioneiro no que se refere a elementos da cultura afro-brasileira, à difusão da poesia de grandes literatos portugueses e brasileiros, à intertextualidade entre canção e teatro, a recursos cênicos que tratam da paisagem nativa nacional, evocações do nosso ruralismo, utilização da literatura entremeando nossas identificações regionais; a cantora é incansável em sua busca por traduzir com seu canto parte desta complexidade chamada identidade cultural brasileira.
Em sua construção sócio-existencial, de mulher baiana, mulata (ou mais amplamente negra), próxima de duas matrizes religiosas, o candomblé e o catolicismo, conhecedora dos traços da criação popular em sua cidade natal, Santo Amaro da Purificação, Maria Bethânia é a porta-voz artística das coisas grandes que a cultura popular produziu entre nós; ela leva para o palco fragmentos narrativos de mitos afro-brasileiros, sua voz quando canta, muitas vezes, conta a história de como foi desenhada a Bahia litorânea, do Recôncavo, entre a abundância de água e a força seca do sertão dali tão próximo. Ela é a caipira que se sofisticou e não quis deixar de ser caipira. Como Clarice Lispector que é a própria Macabéa, Maria Bethânia é um griô afro-baiano universalizando, de modo respeitoso e fragmentado, mitos e ritos que compõem o imaginário sagrado do povo-de-santo, o povo do candomblé, do estado em que ela nasceu. E é inquestionavelmente brasileira, representando a força musical deste país no mundo. Por está tão ligada a aspectos identificatórios do que percebemos como Brasil, talvez Bethânia seja a cantora mais universal que temos viva e, sem dúvidas, sua ativa presença no cenário da canção há quarenta e cinco anos, escolhendo cantar o tipo de Brasil que escolheu como seu, como podemos verificar no clássico Brasileirinho (2003), lhe confere o título de Doutora Honoris Causa em antropologia. A Universidade Federal da Bahia deve isso a ela.
Portanto, o Congresso Brasileiro sobre o Canto e a Arte de Maria Bethânia traz para o centro das discussões acadêmicas uma intérprete que se imprime como uma autora, que usa sua inteligência, sua voz e seu talento artístico para pensar e dignificar o povo de seu país. Celebra também os 45 anos de carreira da artista, que serão completados em 13 de fevereiro de 2010 (data oficial da estreia de Maria Bethânia no antológico Opinião, no Rio de Janeiro). É uma realização da Associação Cultural Rosa dos Ventos - Bahia, que tem como membros organizadores Neide de Jesus (idealizadora do Congresso), Joaquim Amaral, o autor deste artigo e Andréia Vieira.
Serviço:
Evento: Congresso Brasileiro sobre o Canto e a Arte da Maria Bethânia em 45 anos de Palco.
Realização: Associação Cultural Rosa dos Ventos - Bahia.
Local: Teatro Martim Gonçalves
Endereço: Rua Araújo Pinho, s/n, Canela - Salvador-Bahia
Dias : O4 e 05 de fevereiro de 2010, das 9:00 às 18horas.
Investimento: 40 reais
Investimento: 40 reais
Inscrições: www.mariabethania.com ou pelo telefone (71) 9982-5805 (ainda há 50 vagas).
Obs.: as atividades do dia 06/02/2010 transcorrem em Santo Amaro da Purificação e correspondem a um passeio cultural e turístico pelos locais mais amados pela cantora Maria Bethânia nesta que é a sua cidade natal.
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