terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Maria Bethânia

Maria

É humano. Espécie de liberdade que, além da arte, é teimosia. Algo que venta da voz e faz fogo e faz água; reluz do alto palco e se anima como se fosse encantado. Mas é humano. Rasura em muitos padrões. Tudo que seria contrário e é beleza afinação originalidade força inauguração continuidade. Teimosia. Rígida presença sertaneja de mulher domínio das águas. Interface entre o dito e o feito - miúda propulsão ao próprio mito. Gigante das raias da canção. Verbete do afastamento para imprimir mistério. Mulher dos ventos em pouca velocidade. Âmago do silêncio que quando não, grita! Dias da maior serenidade e raios rasgando a vida em sua face de ferocidade: musa do alumbramento que canta de amor e espalha medo e se espraia nas redondezas universais sem sair dos limites do seu desejo. Longevidade que vigora e rejuvenesce. Fonograma inesgotável de poemas - textos escritos na fala; corda que enforca em nome da paixão.
Humano demasiadamente humano. Joelhos dobrados ao chão, olhos meninos pedindo ajuda, as mãos reverentes comunicando devoção; coração aquebrantado sangrando na voz; preces comoventes na inquietação da finitude. Senhora calando frente ao altar.
Senhora imprimindo instantes em sua humana eternidade. Um nome entre talento e coragem que durará enquanto durar a história de um país.

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