Amanheci, instantes da risível ficção, mas de verdade, sob o frio de Salvador. Gosto de choro na boca, lembranças de um sonho com carinho, a precisão de Mahler ao fundo sem elencar tristeza, vento na cara e na alma, o peito vazio para dar espaço à alegria. Asas desenhando encontro, flores sobre a mesa, rabiscos feito anotações para se ter o que cumprir: amanheci esbanjando energia.
Tocando-me no rosto, penteando o cabelo, banhando-me com dengo, perfumando corpo e alma, vestindo a roupa mais agradável, tendo paciência e cuidado comigo mesmo. Amanheci querendo e exigindo saúde. À frente o mar de mim. O cinza que dói e enfeitiça de beleza. Um texto de Baudelaire para aprender escrever, a foto de uma amiga, oração a Santo Antonio. É junho e eu adoro isto. Correr para agasalhos e tirá-los com euforia. Beber vinho e viajar para São Paulo.
O dia hoje é de uma delicada poesia como outrora eu buscava nos versos de um jovem. O tempo não sorria e ainda assim eu voava de alumbramento. O hoje é um convite a me contar por dentro, sem tormentos, é rememorar o que me pode fazer ler e escrever e chorar de alegria.
Entrego-me a este cinza, aplaudo a beleza deste dia de sutil tristeza, enveredo por minha rotina agradecendo ao sono e aos sonhos que tive na noite que passou, seguro à mão da esperança, centrado na fé que me ocupa e vou, artisticamente, sentindo a alegria que só eu sei sentir.
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