Há um colorido lá fora que não me faz bem. Prefiro fechar portas e janelas, acender todas as luzes, desligar telefones, TV, rádios, microfones, escolher pensamentos e me perder. Me abandonar pensando. Uma noite de silêncio. Aprendizado profundo com o pessimismo que não me habita. Mas o escolhi para seguir minha interioridade exposta:" a mentira é a alma da vida social".
O colorido é esse social que marca meus desencontros e me impele a falar de mim. E como gosto de falar de mim, das minhas sensações frente ao mundo. Como gosto do batuque simbólico da minha emoção. Sentir é o meu destino de homem comum. Comum na unicidade e na trincheira da guerra que travo comigo mesmo.
Gosto de gostar querendo desgostar de tudo. E vou à subida. Ao centro daquela força que é a posse de si mesmo. Legarei infortúnios e receitas de feitiçaria. Meu pacto noturno com as chuvas de junho e essa insatisfação maior que meu desejo. Tédio somando-se à insônia é caminho para o suicídio. Não sou de matar nem de morrer. Mas o tédio corrompe as ilusões salvadoras. O tédio danifica até o silêncio.
Anoto uma imagem para deixá-la definitivamente para trás - onde a memória não possa alcançar. Apago. Um tempo em desalinhos me ensinando a barganhar com a angústia. Eu que me engano tanto para melhor enganar. Eu. Repetidas idas e floreios obtusos: quanto mais digo, não compreendo, e nem o outro.
Sou-me nessa face existencialista. Um projeto inconcluso. Escolhas semi-corajosas. O quase do poeta morto. O tempo urge dentro ócio que tanto busco e não consigo.
Eu queria um encontro. A dois. Um dia. Longe de todos. Dois, fora dos mapas, deitados numa cama a ermo, vestidos, conversando sobre os sonhos, poetando pelos olhos... Calma, é o otimismo voltando.
Nesta noite só há tempo para a desilusão. Não vou mitigar nenhum romance; especular nenhuma paixão. Volto ao tédio ao silêncio para ter só a mim. É o que está certo.
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