quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cláudia Cunha, tão linda assim

"Porque tão linda assim
Não existe a flor
Nem mesmo a cor não existe
E o amor
Nem mesmo o amor existe"
 

Ouvindo Cláudia Cunha eu me reporto sempre a Stella Maris, a Jussara Silveira, a Gal Costa. Ela traz uma doçura que é das águas e venta na gente para refrescar a vida. Linda mulher sobre a posse do som; algo que mora na gente e confunde, e desperta; alucina, alivia, transporta. Sua presença anima todas as linguagens artísticas: vê-la é cinema, ouvi-la é concerto, tocá-la é escultura, senti-la é teatro, falar dela é poema. Sua musicalidade consegue nos fazer ver a intensidade do seu talento. E o estar dela é um desenho simples mas perfeito como as canções de Caymmi. Ela tem o jeito da melhor amiga, da namorada sonhada, da irmã presente, mas o seu tempero é o composto que faz as grandes divas.
Uma cantora sensual  que fascina como Zezé Motta e que paralisa nossa respiração, por segundos, como Billie Holiday. Poderia ser uma mera repetição se nela não habitasse a inteligência de quem sabe o que tem a oferecer. Quando a ouço sinto vontade de ouvir Stella Maris. O canto de ambas é prateado e sustentado pela maresia: duas nereidas circulando a plástica misteriosa do mar.
Ela faz dia. Ensolara a Bahia e nos dá tanto orgulho. Sua luz é desmedida quando passeia pelos palcos; fora deles, ela incendeia nossos olhares. Como é bonita! E como cabe em versos e canções! Como trafega imune por entre as durezas dos cenários artísticos.
Cláudia Cunha é o pássaro da voz pousado em São Salvador da Bahia. Estesias nossas à força do que lhe sai da garganta. Anima a esperança, faz a roda e nos convida a brincar.
Brincar de ser gente: nutrido, estudado, crítico, amado,diferente, fruidor das coisas mais lindas do mundo.

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