Sempre que amanhecia, ela se vestia de espera. Aquela espera silenciada na alma, que gera olhares à caça, que exercita, sem esforços, o corpo. Sem maiores ardores ou sonhos: ela era aquela espera.
Singrar dias, vencer as noites; o sol lhe trazia a alegria da pronta recepção e lhe invadia com promessas que só ela sabia entender. Uma quase sacerdotisa das luzes, que esperava tanto...
Até que um dia, manhã reluzente, com a camisola mais velha, mais discreta que antes, olhou pro espelho: basta! Se desapegou de tudo, não lembrou dos parcos familiares; de lá, do quarto mais escuro imitando a noite, envenenou-se com o intuito de fazer a primeira e derradeira viagem.
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