Maria Bethânia
Minha doutora, minha poeta, minha cantora
Eu queria cantar como Nana, escrever como Clarice, poetar como Pessoa... Queria ter o dom das mães, a delicadeza da infância, o cuidado dos lobos... Ter o sacerdócio das palavras, fazer chover, trazer sol e dar paz.... Queria ter a mais rara imaginação para pintar a emoção que sinto quando ouço sua voz. Queria ter a sabedoria e saber a hora de fazer silêncio... Queria meus olhos como câmera fotográfica captando a sua imensidão - isso que me faz sonhar... Ser um adereço para estar em suas mãos; ter coragem para perder o medo do seu olhar. Queria a inspiração dos musicistas e o talento dos trovadores, dos cordelistas... Queria ser uma canção de Chico e Caetano para passear em sua garganta; uma música linda e imprecisa na abundância do seu canto. Queria ser a flor não colhida à beira d'água, enfeitando seu banho de cachoeira. Queria lhe pertencer como a poeira de Santo Amaro e ter traços do Rio sobre mim.
Tão somente isso: lhe agradar.
Eu sou um peixe que mora na Baía de Todos os Santos e que você às vezes vê da sua janela. Aquele que lhe admira e segue sob seu encanto, se veste da sua poesia, ama ao som da sua voz. O que descreve a sua presença de musa, para que mais possam lembrar da sua grandeza artística entre nós. Como gostar não se diz em palavras, eu te abraço hoje, daqui deste texto, pelo pensamento.
E ao Universo agradeço pelos seus 65 anos!
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