terça-feira, 14 de junho de 2011

Xeque-Mate, o filme

Sandrine Bonnaire

A vida se escreve em descobertas. O que fascina é o que se forja dia a dia, hora a hora, segundo a segundo, e pode nos revelar motivos para estarmos aqui.Um filme ( mais um) tomou por inteiro minha alma meu corpo e minha emoção. Mais um que me ensinou sobre as sutilezas do amor: suas armadilhas, seu encantamento, suas deixas e desordens, sua leveza para lágrimas, e a dureza para a cama. Mais um a me revelar para mim mesmo e me entregar fragmentos de sonhos onde esculpo os meus mais profundos desejos.
Xeque-Mate me ensinou que, no xadrez, a peça mais importante é a dama, mais importante que o rei; ali entendi a grande sabedoria deste jogo. Eu vi o mundo, para além dos meus arroubos poéticos, sob o olhar da mulher diretora Caroline Bottaro, desenhando uma delicadeza que há muito mora em mim. A vida como uma espécie de jogo, associando tática a sentimento, enovelando a gente no mistério que dá o sabor vital. Vi luzes que refletem e o escuro que abastece a gente de procura.Vi uma atriz, sublimemente, sendo uma mulher comum e incomum a partir da revelação.
Eu vi Sandrine Bonnaire intensa, e melhor que qualquer discurso de gênero, sendo a mulher em outra lógica de destino, se refazendo pelos campos mais devidos e caros ao existencial humano.
Eu vi as sutilezas do amor num diálogo de jogo: chorei porque eu também tive aquilo, num desígnio de que não seria tão profundo se não parasse por ali.
Eu vi isso que a Sétima Arte traz e aprofunda: a beleza em todas as dimensões, fazendo com que tudo comunique poesia.
Eu - o de dentro da tela - querendo aprender a ser, o que escolher, a saber amar. E escrever.

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