terça-feira, 7 de junho de 2011

O bobo

"É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo."

Aprendi rindo por dentro: bobo foi Chagall. Nada de enfeiar-se. A loucura combina com o riso que tenho pra dar. Em noites de lua em evidência costumava rezar pedindo sorte. E eu tinha toda saúde de ver a lua entre as estrelas fazendo minha delicadeza fluir. Eu tinha um cansaço na alma mas a beleza nos olhos. Sempre melhorava se pudesse rir. Eu era uma vaca sobrevoando as casas ou uma borboleta invadindo o banho da pessoa dos meus sonhos sem ela ter pudores de mim. Era um bobo poder que eu nem desconfiava que tinha. Noites nessa claridade nordestina, o sol do Brasil. E eu rezando sorrindo e chorando pra lua. Espécie de feitiço, sim! Controlava o tempo e amanhecia sem aquele cansaço. Tudo fome de poesia que o silêncio noturno, refletido na lua, me trazia. O tempero era saber pedir e vinha mas eu não sabia e deixava fugir.
Não era muito sereno não. Excessivo como querer sobrevoar casas ou espiar o banho de alguém - eu vestido de borboleta. Excesso e segredo. Aquele zumbido em ouvido vindo do peito para que o amor se apresente. Eu dançava com a lua que me ensinava algum dos seus mistérios e perdoava os meus excessos - todos alusivos às minhas historinhas de amor. O amor era meu guia tal qual o riso. Faltava-me sorte. Será? Perguntava-me a lua. Eu ria.
Um bobo clariceano, às vezes triste, mas todo amor como Florentino Ariza. Flutuante, pedinte, paciente, obcessivo, carente a vagar de espera de ideias de amor. Tendo a lua como oriente.

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