
"Atiro a rosa do sonho nas tuas mãos distraídas"
Quereria...
Olhar de frente o sol, sem franzir a testa, sem sentir agonia, sem temer o risco, sem ficar cego.
Olhar para o que é dia e de frente a mim alcançar a POESIA.
Olhar o translúcido estar das cores em todas as coisas que há e reinventar um nome para a idéia do que é tempo.
Olhar o vôo da águia na clareza das águas de um rio que passa na morada do sonho, e sob a égide da força, criar beleza tal como liberdade ou borboleta.
Olhar o rugido do leão em seu diminutivo, sancionar a pena do prazer no barulho repetitivo da canção.
Olhar o sorriso descrito no manuseio do violão, erguido na leveza daquele olhar a expressar na cara-menino o íntimo instante da alegria.
Olhar os caminhos de rugas seduzindo adolescências de quem precisa descobrir a vida.
Olhar acima do tombo dos anos passando, pensando no mágico charme da experiência.
Olhar o balanço do corpo-poema em dissonância percussiva; corpo à toa, molhado de imaginação, enxuto, guardado, usado... Solto porque carnavalizado.
Olhar do silêncio do pensamento a sombra do pensamento que não há.
Olhar a nascente daquelas palavras feito músicas, hinos, um país.
Olhar o todo e o quase-escondido, o desatino aliviando a racionalidade.
Olhar a destreza, mãos da delicadeza compondo a emoção e fingindo, fingindo pessoanamente.
Olhar de frente o medo, o perigo, o sumiço, o vazio na falta que já faz...
Olhar de frente a coragem, as conquistas, as marcas, a perenidade histórica na arte de uma nação.
Olhar o anonimato, o despir-se no banheiro, a nudez ao espelho, a quebra de segredos e o rosto a chorar.
Olhar a voz trazendo comoção.
Olhar o destino. A longevidade.
Olhar o abraço nos braços estendidos, na calma do encontro: desenho longínquo.
Olhar e mapear a vontade, em cada ponto, em cada canto, em toda extensão do que se faz o que se vê.
Olhar o desejo.
Olhar...
Viver.
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